segunda-feira, 4 de julho de 2016

Turismo Sexual e Olimpíadas: Quebrando Tabus II



Sobre o debate promovido pela Marcha das Vadias, Turismo Sexual e Olimpíadas: Quebrando Tabus

Às mulheres que estão sendo extremamente agressivas e vexatórias conosco da organização um lembrete: somos um movimento de mulheres e pessoas trans pela vida de mulheres e pessoas trans. Vocês não conquistam absolutamente nada quando reproduzem as violências que a sociedade patriarcal nos imprime desde nosso nascimento. Estamos na luta. Estamos nas ruas, não só na Marcha das Vadias, mas em todas as manifestações que acontecem em nossas cidades.
Estamos realmente entristecidas e emocionalmente exaustas com todos os ataques que nós e nossas convidadas estamos sofrendo. Estamos consternadas com mulheres que vêm até este evento nos chamar de masculinistas, dizer que estamos em desserviço do feminismo ou qualquer outra alcunha de desprezo. Pois lidamos com desprezo e deslegitimação desde que nos entendemos por gente. Fomos inocentes quando acreditamos que seria possível fazer do que era uma roda de conversa entre amigas e apoiadoras um debate entre diferentes. Mas tivemos notícia de diversas publicações feitas por colegas ou companheiras feministas radicais incitando o ataque a este evento, tanto no ambiente virtual quanto físico, e também às organizadoras da Marcha das Vadias e convidadas à mesa. Ora veja, até criaram uma página nos chamando de movimento masculinista e nos ameaçando com a polícia federal - companheira, que sabemos quem é, este é o mesmo movimento que fez com que a PF há cerca de um mês encerrasse um debate sobre a legalização do aborto na UFMG. Não se alie em atitudes aos conservadores.

Algumas de nós são mulheres que trabalham e enfrentam o machismo diário no ambiente de trabalho; algumas de nós estão na universidade e enfrentam o machismo diário que tenta nos silenciar e diminuir nossa voz lá dentro, com bloqueios ideológicos contra nossa produção feminista, perseguição política pessoal, assédio moral e até sexual. Algumas de nós são heterossexuais e lidam com o machismo no casamento. Algumas de nós são bissexuais e lidam com o machismo quando se relacionam afetiva-sexualmente com homens e com bifobia. ALgumas de nos são lésbicas e enfrentam lesbofobia diariamente em casa, na família, na universidade, nas ruas. Algumas de nós estamos fora dos padrões de estética e lidamos com opressões e desprezos relacionados a isso diariamente, dentre essas a gordofobia desde a infância. Todas nós somos perseguidas, assediadas, agredidas emocional e verbalmente (as vezes até fisicamente) nas ruas por homens cis misóginos e assediadores. Algumas de nós já se envolveram em brigas de rua por reagirem a investidas desrespeitosas. Todas nós estamos na Marcha das Vadias e somos feministas porque entendemos que, além de tudo, este é um espaço e movimento de auto-cura.

 [Publicação original em: https://www.facebook.com/heloisamelino/posts/10206401051695643]

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